Luverdense, em casa (mas tava um calor que até cachorro na bunda sua), fomos campeões mesmo perdendo para o Oeste. Um pequeno, porém irrelevante anticlímax em nosso título maior.
E digo que mesmo tendo diminuído o ritmo após a vitória contra a macaca, na Arena, o caneco seria nosso porque o adversário direto era a própria Ponte Preta, a famosa come-ninguém, nunca ergueu uma taça, nem no dominó, e não seria na nossa vez. Vai o texto, então:
"Muitos anos depois, em frente ao pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendia havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo".
Não são cem, no nosso caso. São 28 (nas minhas contas, com margem de erro do IBOPE) anos sem disputar a primeira divisão campeonato brasileiro (porra, eu tinha 9 anos de idade e hoje ando perto dos 40).
No campeonato brasileiro de 1986, entre 48 clubes, o nosso JEC terminou numa muito honrosa 12ª posição, por exemplo, à frente de Vasco, Grêmio, Internacional, Sport, Botafogo, entre outros menos cotados e, certamente, disputaria o Brasileirão de 1987 (até porque vencemos o Catarinense daquele ano).
Acontece que o certame de 1986 foi uma zona completa, e os maiores clubes de então resolveram, para 1987, criar a Copa União, e alijaram da primeira divisão, por exemplo, o vice-campeão de 86 - o Guarani, o quarto colocado - América-RJ, e o glorioso Tricolor, que foi artificialmente "rebaixado". Começava aí a desgraça que parecia nunca ter fim. Nunca mais disputamos a primeira divisão. ATÉ AGORA. Estamos como a Chape, que anunciou em seu twitter, brilhantemente: "nunca fomos rebaixados".
Não é hora de louvar nosso time, nosso presidente, nossa comissão técnica, etc. É hora de nos vangloriamos. Sim, nós. A nossa torcida. Eu, você, o torcedor anônimo ao seu lado.
28 anos sofrendo. Dois míseros títulos estaduais. Uma Série C. 25 anos sem ganhar nem torneio valendo um porco e duas caixas de Brahma. Série D. Time "fora de série". Comemoração de "Copinha". Foi foda, nego. E, sim meninos, eu vi.
Conto um pouco da minha relação com o Tricolor, e você aí terá, certamente, a sua história pra contar.
A primeira vez a que fui ao "campo do JEC", ou seja, ao Ernestão, deve ter sido por volta de 1983 ou 1984, não tenho recordação exata, tinha 5 ou 6 anos. Lá em casa não se dizia "vamos pro Ernestão". Dizia-se "vamos pro campo hoje?".
Quando chegamos no poleiro, já disse ao meu pai - que não está mais aí para ver o JEC na Série A, e vaticinava, em 2008, que o o JEC era um time prestes a acabar (e realmente era): "- Eu não subo nessa montanha". O velho provavelmente já ficou puto, mas deve ter me aliciado com um refri ou pipoca. Ainda não começara a beber, só comecei aos 9 anos (hehe).
No intervalo, meu pai me dizia que pedi pra dar uma cagada. Imagina o desespero do homem.
Não me lembro quem era o adversário, quanto foi o jogo, e na verdade, só me lembro de ver um monte de gente de preto, branco e vermelho, e bandeiras. Sim, podia haver bandeiras, e muitas. Cada um levava a sua. Era demais.
Pulo 4 ou 5 anos no tempo. Assisti ao jogo Joinville 1x0 Botafogo, no dia 10.12.1986 (o site bolanaarea.com é ótimo para pesquisas), no Ernesto Schlemm Sobrinho. Não sei dizer o porquê de não ter ido ao mata-mata das oitavas-de-final, contra o Cruzeiro, já em fev.1987, quando fomos eliminados após dois empates em um gol, tanto cá como lá (e segundo reportagem do globoesporte - http://glo.bo/1AgkgBX -, com o JEC melhor). Desde então, perambulamos nas séries inferiores - ou mesmo fora delas.
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Taça na TV e não no campo: mas é nossa! |
É tempo de matar a saudade. Aquele jogo contra o Bota foi o último jogo de Série A a que assisti com o JEC em campo. Ano que vem, no dia 10 de maio, o Joinville reestreia na Primeira Divisão (oxalá que em casa). Terão sido 10.378 dias sem que eu (e todos nós) tenhamos visto nosso time na elite do futebol brasileiro. É muito tempo. Não são cem anos, mas cumprimos uma pena bastante longa. Que nunca mais se repita, porque não temos tantos pecados assim a expiar. E não irá. AVANTE, JEC!